Fantasia
Para Perls (1979,
p.74), o termo fantasia ocupa um
lugar preponderante na Gestalt-terapia: "ele [o termo fantasia] é tão
importante para nossa existência social quanto à formação da
Gestalt para nossa existência biológica”. Considera pensamentos, imaginação e
fantasia como sinônimos.
Entendemos que o pensar
inclui um número de atividades – sonhar, imaginar, teorizar, antecipar –
fazendo o uso máximo de nossa capacidade de manipular símbolos. Para abreviar,
vamos chamar tudo isto de atividade de fantasia, em vez de pensamento (Perls,
1981, p.26-7).
A atividade fantástica é o
uso interno da simbolização. A fantasia sempre se relaciona com a realidade,
cujo sentido é dado pela própria pessoa, ou seja, não se trata da realidade em
si, mas da realidade tal como apreendida ou antecipada pela própria pessoa.
Eu antecipo, em fantasias, o
que acontecerá na realidade e, embora a correspondência entre minha antecipação
imaginaria e a situação real possa não ser absoluta, assim como a correspondência
entre a palavra “árvore” e o objeto é só aproximada, é suficientemente forte
para que eu se baseie nela minhas ações (Perls, 1981, p.27).
Perls distingue três zonas
de tomadas de consciência, a saber: a consciência de si mesmo, zona do self
(ZS); a do mundo, ou zona externa (ZE); e a que está na zona intermediária da fantasia,
ou zona desmilitarizada (ZDM), também conhecida como a “grande área de maya que temos conosco, ou seja, existe
uma grande área de fantasia que absorve tanto do nosso excitamento, tanta
energia, tanta força vital que sobra muito pouco de energia para estarmos em
cotato com a realidade” (Perls, 1977, p.76).
Distinguir fantasia (maya) de realidade é uma das formas do
funcionamento saudável, pois a confusão entre os dois pode levar à neurose e,
em casos externos, à psicose. O objetivo da psicoterapia é facilitar o contato
consigo mesmo e com o mundo diminuindo a fuga para a fantasia como o único
recurso criativo, dessa forma ampliando sua awareness (Perls, 1977, p.77).
Ao invés de estarmos
divididos entre maya e realidade,
podemos integrá-los e, se maya e
realidade estiverem integrados, chamaremos essa integração de arte. A grande a
obra de arte é real e, ao mesmo tempo, ilusão.
Referências
bibliográficas:
Blackburn, S. Dicionario Oxford de filosofia.
Rio de janeiro: Zahar, 1977.
(A palavra maya , segundo o Dicionário Oxford de filosofia (Blackbum, 1977)
significa “véu de ilusão”; traduz uma forma de experiência semelhante à ilusão,
ou seja, que se distancia da realidade concreta).
Perls, F.S. A abordagem gestáltica e
testemunha ocular da terapia. Rio de janeiro: Zahar, 1981.
______. Escarafunchando Fritz: dentro e fora
da lata de lixo. São Paulo: Summus, 1979.
______. Gestalt-terapia explicada. São Paulo:
Summus, 1977.
Comentários
Postar um comentário