A importância da Entrevista clínica
A entrevista clínica não é uma técnica única.
Existem várias formas de abordá-la, conforme o objetivo específico da
entrevista e a orientação do entrevistar. Os objetivos de cada tipo de
entrevista determinam suas estratégias, seus alcances e seus limites. Fazer uma
entrevista inicial com pacientes deveria ser fácil. Só que ninguém havia nos
dito que os entrevistadores novatos têm dificuldades para pensar nas suas
perguntas ou que muito de nós se sentem desconfortáveis com seus primeiros
pacientes. Uma entrevista clínica é pouco mais que ajudar as pessoas a falar
sobre si mesmas – o que a maioria das pessoas adora. Pedimos para os pacientes
revelarem algo de suas emoções e de suas vidas pessoais. A pratica nos ensina o
que perguntar e como direcionar a conversa para termos as informações de que
precisamos para com isso, ajudar os pacientes da melhor maneira. Um bom
entrevistador deve saber como trabalhar com uma variedade de personalidades e
de problemas: soltar as rédeas do paciente informativo, orientar o divagador,
incentivar o silencioso e apaziguar o hostil. A finalidade maior de uma
entrevista é sempre a de descrever e avaliar para oferecer alguma forma de
retorno. As semelhanças no tipo de dados necessários aos entrevistadores
superam com folga quaisquer diferenças que possam ser esperadas devido à
variedade de formação e de perspectivas. O primeiro contato com qualquer
paciente pode ocorrer por uma variedade de razões – uma triagem rápida, uma
admissão ambulatorial para fins diagnósticos, uma consulta no setor de
emergência, uma hospitalização ou uma consulta em busca de medicação ou
psicoterapia. São muitos e variados os exemplos de objetivos instrumentais. Cada
modalidade de entrevista define seus objetivos instrumentais, e estes delimitam
o alcance e as limitações da técnica. Por isso, estratégias diferentes de
avaliação podem ser utilizadas para atingir os objetivos de cada situação, ou
combinadas para atingir objetivos diversos. Isso nos parece adequado, considerando
os vários contextos em que a entrevista clínica é utilizada, no consultório, na
saúde pública, na psicologia hospitalar, etc. Falaremos somente da entrevista
de triagem, anamnese e a entrevista de devolução. A entrevista de triagem tem
por objetivo principal avaliar a demanda do sujeito e fazer um encaminhamento.
Geralmente, é utilizada em serviços de saúde pública ou em clinicas sociais,
onde existe a procura contínua por uma diversidade de serviços psicológicos, e
torna-se necessário avaliar a adequação da demanda em relação ao encaminhamento
pretendido. A triagem é também fundamental para avaliar a gravidade da crise,
pois, nesses casos, torna-se necessário ou imprescindível o encaminhamento para
um apoio medicamentoso. Embora não pareça tão óbvio, o clínico que trabalha
sozinho também terá que triar seus clientes e encaminhar aqueles que não julgar
adequado atender, conforme suas especialidade e competência. A entrevista em
que é feita a anamnese tem por objetivo primordial o levantamento detalhado da
historia de desenvolvimento da pessoa, principalmente na infância. A anamnese é
uma técnica de entrevista que pode ser facilmente estruturada cronologicamente.
Embora a utilidade da anamnese seja mais claramente vislumbrada na terapia
infantil, muitas abordagens que integram ou valorizam o desenvolvimento precoce
podem se beneficiar deste tipo de entrevista. Certamente, aprender a fazer uma
entrevista de anamnese irá facilitar a apreciação de questões desenvolvimentais
por parte do clínico, pois muitas abordagens investigam aspectos importantes do
desenvolvimento, embora de maneira não tão extensiva como faça a entrevista de
anamnese. Já a entrevista de devolução tem por finalidade comunicar ao sujeito
o resultado da avaliação. Em muitos casos, essa atividade é integrada em uma
mesma sessão, ao final da entrevista. Em outras situações, principalmente
quando as atividades de avaliação se estendem por mais de uma sessão, é útil
destacar a entrevista de devolução do restante do processo. Outro objetivo
importante da entrevista de devolução é permitir ao sujeito expressar seus
pensamentos e sentimentos em relação às conclusões e recomendações do
avaliador. Ainda, permite avaliar a reação do sujeito a elas. Ou seja, mesmo na
fase devolutiva, tem-se a oportunidade de verificar a atitude do sujeito, em
relação à avaliação e às recomendações, ao seu desejo de segui-las ou de
recusá-las. Como objetivo da entrevista de devolução, destaca-se a importância
de ajudar o sujeito a compreender as conclusões e recomendações e a remover
distorções ou fantasias contraproducentes em relação a suas necessidades. A
entrevista de devolução pode ser simples ou não. Se o entrevistado não tiver
compreendido o que você falou, explique novamente, de uma forma simples e de
fácil entendimento. Como sempre, coloque-se no lugar do paciente.
Bibliografia
consultada:
Cunha, Jurema Alcides. Psicodiagnóstico – V. 5.
ed. revisada e ampliada – Porto Alegre: Artmed, 2000.
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